Há vários anos optei por tornar-me Apartidária, influenciada por ideia que não é minha mas que achei brilhante: “Se partido fosse uma coisa boa não se chamava partido, chamava-se inteiro”.
A razão foi de entender que ser partidário, ou ter ideologia
fechada atrapalha ver a perspectiva de outras partes, e pior, muitas vezes, atrapalhar
a compreensão e o respeito aos outros, nos achando os únicos corretos do mundo.
Cria polaridades. Maniqueísmos. Conflitos. Faz as pessoas
desenvolverem o sentimento de “se não concorda comigo, está contra mim”. Faz
familiares que antes se davam bem deixarem de se falar. Amigos se desentendem.
E se tiver algum valor naquele corpus ideológico diferente
do seu? Você se vê obrigado a concordar com tudo. E se o maior representante
daquela ideologia comete crimes? Você se vê relevando os crimes, ou mentindo
pra si mesmo, de que é mentira, intriga da oposição, ou teoria da conspiração.
Com a idade, aprendi a focar em meus valores, e respeitar o
pensamento diferente. Não apenas na política, mas também na religião, e outros
temas polêmicos.
Todos têm o direito de pensar como quiser. Então se queremos
ser respeitados, vamos respeitar o outro. O uso da ideia conscienciológica do
“binômio admiração-discordância” também vem me ajudando há anos. Não deixo as
facetas que não me agradam no outro invalidar as que admiro. Claro que se tiver
algo muito grave vou abençoar e me afastar. Mas não “corto relações” por
divergências como as políticas ou religiosas. Importa mais o caráter, as
atitudes.
Em relação a política, há anos identifico valores pessoais
que dizem ser de “Esquerda”, e outros que dizem ser “de Direita”. Não sou fã de
nenhum político. Não acredito em “salvador da pátria”. Não dou muita opinião
sobre os políticos brasileiros, já que tenho repulsa pelos atos e fatos de
vários deles, independentemente de seus partidos e defesas ideológicas – muitas
delas pura demagogia. Não faltam fichas sujas. Às vezes dezenas de processos em
julgamento.
E mais que posicionamento político, onde o meu é este
artigo, há décadas atuo por uma sociedade melhor onde posso, mão na massa,
através do voluntariado. Faço este convite a todos que se dizem revoltados com
alguma situação social injusta – seja pobreza, saúde, educação, violência, justiça,
tantas são as causas que precisam de ajuda!
Outra ideia que me fortalece a respeitar quem pensa
diferente, e até buscar escutar o diferente, foi a que aprendi ainda na
juventude, da imagem abaixo:
Reencontrei
esta imagem no Facebook/quebrandotabu, com legenda bacana transcrita aqui: “Esta
imagem explica como a nossa perspectiva determina o que vemos como
"verdade". Aqui vemos que o que é verdadeiro para mim e o que é
verdade para você não são realidades diferentes, mas uma oportunidade para nós
termos uma conversa e entendermos os dois lados.”
O imperdível filme 7 Minutos Depois da Meia Noite também trouxe uma fábula linda, que vou deixar
de contar aqui para assistirem o excelente filme. Ilustra exemplo de como sempre
pode haver uma terceira, quarta, quinta (...) alternativa/explicação.
Deixo a dica que busco seguir. Quando tiver muita certeza de
algo, questionar minhas verdades, manter a mente aberta e escutar outras
perspectivas – é com o diferente que mais aprendemos, e se ainda assim mantiver
minha ideia intacta, respeitar o pensar diferente do outro.
Respeito: teática essencial.
“Eu acredito no respeito pelas crenças de todas as pessoas,
mas gostaria que as crenças de todas as pessoas fossem capazes de respeitar as
crenças de todas as pessoas.” José Saramago