quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

MANUAL DE PRIORIDADES EVOLUTIVAS

Frequentemente nos perguntamos qual o propósito da vida, o que viemos fazer neste mundo. Buscamos a felicidade, a autorrealização, a serenidade e acabamos engolidos pelo rolo compressor do dia a dia, cada um nas suas diversas tarefas, mais ou menos significativas. Há os que condicionam a felicidade a metas materiais – um carro, uma casa, bens de consumo. Há os que condicionam a felicidade a condições afetivas e sociais – casar, ter filhos, etc. Mas o fato é que pouca gente alcança a autorrealização, satisfação íntima na vida. Por que?
Uma das razões deve-se ao fato de não conseguir identificar o que realmente poderia trazer esta satisfação pessoal. Outra razão é não se sentir útil a outras pessoas, vivendo uma vida egocêntrica. Outra razão é não se sentir evoluindo, permanecendo estagnado no mesmo nível evolutivo por muitos anos, isto é, não ampliar sua intelectualidade, não melhorar traços negativos, não desenvolver novas habilidades e talentos. Há, enfim, vários motivos que nos impedem de alcançar a autorrealização.
Uma questão elementar é a dificuldade em identificar as prioridades e auto-organizar-se para o atingimento das metas e viver de forma condizente com os valores e princípios pessoais. Neste ponto insere-se a importância da elaboração de um manual de prioridades pessoais. Cada um deve elaborar seu manual, de acordo com seus valores, o que requer uma boa dose de autoconhecimento, para evitarmos os casos clássicos daqueles que quando atingem determinada meta, após vários anos de trabalho, perceberem que houve pouca ou nenhuma satisfação, e às vezes, vários sacrifícios que deveriam ter sido evitados. Assim, o primeiro passo é conhecer a si mesmo, identificar valores pessoais, traços negativos a superar, traços positivos a fortalecer e traços faltantes a desenvolver.
Mais quais devem ser os fatores norteadores do manual? Quais os passos para construí-lo? Tudo dependerá dos valores pessoais. Contudo, o ideal, é que ele promova a evolução da consciência, com propõe a Conscienciologia, que estuda a consciência de forma integrada, mais abrangente. Usando o meu próprio caso como exemplo, sendo pesquisadora da Conscienciologia, entendo que estamos aqui para melhorarmos nossos traços pessoais, a vivência da interassistencialidade – quando ajudamos o outro, ajudamos a nós mesmos, e fazermos reconciliações com outras consciências, uma vez que considera que somos consciências em evolução ao longo de várias vidas e com uma paraprocedência multidimensional (nossa origem extrafísica), e não apenas intrafísica. Tudo isso, otimizando a nossa qualidade de vida, que não deve excluir conforto intrafísico, estabilidade financeira e saúde, citando apenas alguns valores básicos da sociedade terráquea.

Portanto, tomando por base a importância desta evolução consciencial, sugerem-se como fatores norteadores para o manual de prioridades: (1) o autodesenvolvimento, (2) os valores pessoais, (3) metas evolutivas de vida, condizentes com sua realidade consciencial, (4) condições que trazem satisfação pessoal (qualidade de vida, trabalho, lazer, afetividade, etc), (5)interassistencialidade (respeito às pessoas e ao planeta, vida social, responsabilidades assumidas, contribuições à sociedade, ajudar outras pessoas, preferencialmente no sentido de evoluírem também), (6) o cumprimento da programação existencial – programa elaborado antes de nascermos nesta vida atual, razões de nossa atual existência; (7) e o alcance de níveis mínimos de satisfação pessoal, serenidade.

Os seguintes passos são sugeridos para a construção do manual de prioridades evolutivas: (1) Autopesquisa; (2)Identificação dos valores e princípios; (3)Elaborar o Código Pessoal de Cosmoética (o que compõe sua ética perante o Cosmos); (4) Fazer um balanço da atual existência (tudo o que recebeu da vida, o que retribuiu, o que ficou pendente em todas as áreas da vida); (5) Identificar as diretrizes da programação existencial (o que, possivelmente, você veio fazer nesta vida); (6) Definir as prioridades e respectivas metas de acordo com estas diretrizes, valores e código de cosmoética; (7) Ordenar as prioridades; (8) Elaborar Plano de Ação, definindo as etapas para o alcance das metas e os prazos; (8) Definir as rotinas úteis para otimização da existência (exercícios bionergéticos, exercícios físicos, estudos, etc); (9) Definir as ferramentas que auxiliarão na concretização das metas (agendas, notebook, planilhas, listas, etc).

Gostaria de fechar estas sugestões com duas reflexões. Primeiro, que o processo de priorização e auto-organização requer vontade, esforço, dedicação e perseverança, mas a satisfação de ver as metas se concretizando, os produtos gerados, a existência se qualificando, compõem uma colheita evolutiva farta, compensadora. Segundo, o valor do “trilhar”: a caminhada é estimulante por si só, satisfação que vai além do local onde se quer chegar, e esta evolução se faz, a cada passo, a cada volta que galgamos na espiral evolutiva.

Inteligência Emocional – componente da Inteligência Evolutiva

Este mês ministrei um curso sobre Inteligência Emocional (IE) em escola do Governo, para formação de servidores do Estado. Foi uma experiência gratificante, tanto na elaboração dos conteúdos, quanto no compartilhamento com as pessoas, das nossas diferentes vivências, valores, opiniões.
A inteligência emocional ganhou destaque em meados dos anos 90, devido aos trabalhos de Howard Gardner, que popularizou o conceito de inteligências múltiplas, e, principalmente, Daniel Goleman, que popularizou o conceito de IE. Goleman sistematizou a IE em cinco atributos agrupados em três competências pessoais: autoconhecimento, autocontrole, automotivação; e duas competências sociais: empatia e relacionamento interpessoal. Analisando os conceitos e estudos de caso, fica claro que o principal atributo, essencial inclusive ao desenvolvimento dos demais, é o autoconhecimento. Sem este, também chamado de autoconsciência, não se desenvolve inteligência emocional.
Sumariamente, define-se IE como sendo a capacidade de uma pessoa controlar suas emoções através da razão, o que pode, às vezes, parecer paradoxal, pois IE não é propriamente o uso de emoções de forma inteligente, como alguns costumam entender. Vale a pena refletir sobre o pensamento de Billy Fraham: “As cabeças quentes e os corações frios nunca resolveram qualquer coisa”. Em contraposição ao QI - Quociente de Inteligência, hoje vem se valorizando cada vez mais o QE – Quociente Emocional, principalmente nas empresas, onde se observa que demite-se mais as pessoas por suas incapacidades emocionais do que incapacidades técnicas.
Apesar de ter me interessado muito pelo tema e continuar aprofundando os estudos, não pude deixar de fazer um paralelo com a Inteligência Evolutiva discutida na Conscienciologia. A inteligência emocional, na verdade, é um dos componentes da Inteligência Evolutiva, que é mais abrangente, por considerar as bases do paradigma consciencial. Enquanto a abordagem dos cientistas da IE restringe-se às condições da vida intrafísica, a Inteligência Evolutiva considera que somos consciências (ego, self, alma) em constante evolução através de várias vidas (multisserialidade), relacionando-nos com diferentes dimensões (multidimensionalidade), através de diferentes veículos de manifestação, não apenas do corpo físico (soma), mas também do corpo energético (energossoma), emocional (psicossoma) e mental (mentalsoma). Outro ponto fundamental é a percepção de nossas bioenergias e a importância de trabalharmos para mantê-las em equilíbrio.
Dentro dos princípios conscienciológicos, a Inteligência Evolutiva se desenvolve a partir do redirecionamento íntimo com o objetivo de se priorizar a autoevolução consciencial, , pautada nos princípios do universalismo e da maxifraternidade, e fundamentada na vivência da cosmoética – ética cósmica, multidimensional. De acordo com os princípios da Conscienciologia, entende-se que cada vida intrafísica tem um propósito mais ou menos avançado, conforme as capacidades e o nível evolutivo de cada pessoa. Esse propósito representa o que se denomina programação existencial (proéxis) e consiste no planejamento da vida intrafísica, antes da consciência ressomar – isto é, nascer em uma nova vida intrafísica. A autopesquisa constitui empreendimento elementar do paradigma consciencial para evoluirmos. Parte da identificação de nossos traços-força (trafores) e traços-fardos (trafares), ou seja, de conhecermos a nós mesmos.
As pessoas ou consciências que utilizam a inteligência evolutiva têm como princípio a interasssitencialidade, ou seja, a assistência, pela qual se entende que todos devem buscar fazer assistência a outras consciências, e que, neste processo, a consciência também assiste a si mesma. Neste ponto, os atributos sociais da IE (empatia e relacionamento interpessoal) se ampliam quando a pessoa faz uso do parapsiquismo, que permite a percepção de aspectos multidimensionais envolvidos numa determinada situação – energias, consciências extrafísicas atuando, informações de outras dimensões. O parapsiquismo, portanto, possibilita uma compreensão mais abrangente da situação e, consequentemente, uma maior empatia com outras consciências, uma vez que obtemos mais informações.
Voltando ao curso que ministrei, tal como ocorre nos cursos de Conscienciologia e Projeciologia, o desenvolvimento destas ideias permitiu-nos perceber como as pessoas valorizam o investimento no autoconhecimento na medida em que compreendem o valor da autoevolução. Essa valorização, provavelmente, está relacionada ao fato de que em algum lugar de sua memória evolutiva, sendo consciência milenar em evolução, cada um sabe que precisa evoluir. Contudo, ao mesmo tempo, e paradoxalmente, há indícios de que muitas pessoas costumam fugir desta empreitada devido aos esforços pessoais exigidos. Não querem abrir mão de determinadas condições de vida, “ganhos secundários”, vivências de instintos primários. Entram em ação os mecanismos de defesa do ego, os trafares, as autossabotagens e autocorrupções.
Diante do exposto, observa-se que o desenvolvimento da Inteligência Evolutiva pode garantir o avanço das conquistas autoevolutivas e das autossuperações, rumo à autorrealização pessoal tão almejada. Fica a dica de investimento nesta inteligência prioritária, que pode ser desenvolvida.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

RESENHA: SEIS ESTUDOS DA PSICOLOGIA - PIAGET

Sempre ouvi falar em Jean Piaget ao longo de minha formação profissional como um grande colaborador da área da Educação, sendo o “criador” do Construtivismo. Depois, ouvi falar dele como Psicólogo e finalmente descobri que formou-se em Ciências Naturais, redirecionando-se posteriormente para a Psicologia e Filosofia. Mas a presente resenha refere-se ao seu livro “Seis Estudos da Psicologia”, que é um conjunto de suas conferências e artigos, tratando do desenvolvimento da inteligência infantil.
Seus estudo provocaram uma quebra de paradigmas nos antigos conceitos sobre aprendizagem e educação em sua época, na medida em que preconizou o respeito à individualidade da criança, com uma proposta de ensino menos autoritário, respeitando as fases de desenvolvimento psicológico das crianças. Piaget explica que o conhecimento é construído de forma “contínua e progressiva, a partir da interação do indivíduo com o meio”. Demonstra que a criança constrói o seu conhecimento em cima de seus conhecimentos anteriores e que necessita interagir com o objeto de aprendizagem para realmente aprender sobre ele.

“O saber tem de ser construído e reconstruído a partir da ação da criança, da sua atividade, da sua interação consigo mesma, com o outro, com o meio, em situações concretas, pois conhecer não é apenas possuir uma cópia mental do objeto, mas modificá-lo, descobri-lo, inventá-lo, transformá-lo, compreendendo o processo de sua transformação.”(Almeida, 2011)

Resumidamente, Piaget identifica as seguintes principais etapas de desenvolvimento:
1.Dos dois aos sete anos – grandes mudanças com o início do domínio da linguagem, com três modificações gerais na conduta – socialização, pensamento e intuição e a interação destes fatores no seu desenvolvimento e com relação à afetividade.
2.A infância dos sete aos doze anos – novas formas de organização. Segue regras, pensa antes de agir, Entram as operações racionais.
3.Adolescência –fase que separa a infância da vida adulta. Crise passageira em função das mudanças sexuais. Egocentrismos. Conquista da sua personalidade e de sua inserção na sociedade.

Assim, nos seus Estudos, Piaget demonstra como de dá o desenvolvimento mental nas diferentes fases de desenvolvimento do indivíduo e aborda problemas relacionados ao pensamento, à linguagem e à afetividade, sendo por isso bastante referenciado na área da Educação.
Em minha opinião, suas maiores contribuições deveram-se à demonstração do desenvolvimento mental atrelado às fases de vida do indivíduo, que não podem ser alteradas, forçadas, e à proposta de um respeito a este desenvolvimento, demonstrando a necessidade de equilíbrio entre a formação do indivíduo e seu desenvolvimento. A consequência de uma mudança de conceitos (construtivismo) no processo do ensino, componente básico na formação dos indivíduos, para mim, corresponde a um grande legado que este autor deixou para a humanidade.

Referências:

PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1969.

ALMEIDA, Eernany Santos. O BRINCAR E A CRIANÇA: IMPLICAÇÕES DA TEORIA DE JEAN PIAGET. Acessado em 19.11.2011, em http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=1188