domingo, 20 de outubro de 2013

Persistência Evolutiva

O autodesenvolvimento é uma meta que deveria interessar a todas as pessoas, como meio de atingir a autorrealização e o bem-estar pessoais. Tenho escrito artigos e reflexões sobre diferentes formas de operacionalizar o desenvolvimento pessoal, tanto na perspectiva profissional, como na vida pessoal, e, sobretudo, na perspectiva da evolução da consciência, proposta pela Conscienciologia. Para a ciência da consciência (pessoa, self, ego, alma), o desenvolvimento pessoal é muito mais complexo e abrangente, posto que considera a consciência de maneira integral, multidimensional, evoluindo através de várias vidas.
Contudo, há muito tempo venho me questionando sobre a “desistência”, a falta de persistência das pessoas em seu processo evolutivo, mesmo quando percebem que depende somente de cada um, de suas escolhas e ações, alcançar seus objetivos – sejam eles materiais ou conscienciais. Há alguns anos, em diferentes cursos que participo, como aluna e como docente, observo a dificuldade das pessoas em manterem os investimentos na evolução pessoal. Apesar de todo o entusiasmo dos alunos ao término dos cursos, entendendo as vantagens e possibilidades de desenvolverem talentos e maior qualidade de vida, poucos dão continuidade às práticas, leituras e investimentos pessoais em seu desenvolvimento.
As causas deste descaso consigo mesmo - falta de disciplina, acomodação, vontade débil, pusilanimidade, ganhos secundários, falta de instrumentação técnica ou outra razão, podem ser as mais diversas, mas todas com significado de autossabotagem. A fobia à mudança, ainda que seja para melhor, pode decorrer do medo do novo (neofobia), ou de perdas que podem ocorrer com as mudanças, os chamados “ganhos secundários”, que são condições que as pessoas não querem perder, no caso de mudar. Por exemplo, o fumante, que mesmo sabendo do mal que faz à saúde, não quer perder o sentimento de segurança, ou o emagrecimento, que o cigarro o traz. Traços pessoais negativos também podem comprometer os investimentos pessoais no autodesenvolvimento, como a preguiça, dificuldades de aprendizagem, baixa autoestima, baixa lucidez, carências afetivas e sexuais, falta de cosmoética (ética mais ampla, cósmica) consigo e com os outros, entre outras possíveis causas.
Daí a importância de cada um investir no seu autoconhecimento, focando a superação de traços que mantém comportamentos ultrapassados e enrijecedores da consciência. Também é necessária coragem para se ver adentrando no seu universo íntimo, e se enfrentar, para poder então mudar, evoluir, desenvolver-se de maneira plena, promovendo as mudanças necessárias para o alcance das metas pessoais – sejam estas materiais ou conscienciais.
Penso que a falta de conhecimento e uso de recursos técnicos, ferramentas, metodologias para o autodesenvolvimento possa ser um dos obstáculos para que as pessoas vençam a dificuldade de manterem os investimentos em seu autodesenvolvimento. Quando eu sofria muito mais que hoje, com meu processo de ansiedade, não fazia a menor ideia do que eu poderia fazer para superar aquele sentimento de angústia, que comprometia minha serenidade, e que me levava a mil escolhas aleatórias, e acabavam me prejudicando ainda mais. Investi dois anos em entender as razões deste meu traço e em desenvolver técnicas, ferramentas, rotinas que me ajudaram nas autossuperações alcançadas.
Estas reflexões são para incentivar o leitor a manter a motivação pessoal em seu autodesenvolvimento e a investir em encontrar suas próprias técnicas, rotinas e recursos, otimizando a evolução pessoal. Penso que há duas excelentes razões para isso: a primeira e mais importante, a evolução da consciência, com o desenvolvimento da inteligência evolutiva, aumentando a serenidade íntima e a qualidade nos relacionamentos consigo e com outras pessoas. A segunda razão, a facilitação para o alcance das metas da vida intrafísica, relacionadas aos bens materiais, metas profissionais, entre outras. Dispensável reforçar a soberania da importância da primeira razão, uma vez que esta vida intrafísica é temporária.
Neste sentido, poderíamos sintetizar tudo isso na proposta do termo “Persistência evolutiva”, com a seguinte definição preliminar: a Persistência evolutiva consiste na insistência da pessoa em utilizar diversas técnicas, práticas, rotinas e recursos informacionais, cujas estratégias colaborem, estimulem ou até mesmo garantam a manutenção da motivação, engajamento e disciplina nos investimentos pessoais no progresso, expansão ou aprimoramento pessoal, integral, otimizando o aproveitamento da vida intrafísica, com foco na evolução consciencial.

Sejam quais forem seus motivos pessoais, só há vantagem em investir no autodesenvolvimento. Isto é inteligência evolutiva. Finalizo reforçando quais são os maiores poderes da consciência: a Vontade, que é o maior deles; a Intenção cosmoética, lembrando que é esta que dá sentido evolutivo às metas; e, o terceiro poder, o Autodiscernimento, cuja qualidade viabiliza o bom senso, a criticidade sadia, a lucidez e as escolhas acertadas. Persista na evolução consciencial!

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Educação Evolutiva para Crianças – leitura para pais, educadores e para quem já foi criança


A sociedade em que vivemos hoje é resultado das pessoas que a compõem, e estas, resultado principalmente de sua mesologia (genética, ambiente em que se desenvolvem, pessoas que participaram de sua formação, cultura, educação etc.). Mas, entre todos os fatores que influenciam a formação dos adultos, merece destaque a educação recebida na infância.
Há algumas semanas tive oportunidade de participar de uma aula palestra com a psicóloga portuguesa especializada em Educação Infantil Lurdes Sá, e assisti também à sua apresentação de dois verbetes para a Enciclopédia da Conscienciologia (disponíveis em http://www.tertuliaconscienciologia.org/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=28&&Itemid=13 e http://www.tertuliaconscienciologia.org/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=5&dir=ASC&order=name&Itemid=13&limit=20&limitstart=160). Este artigo tem como objetivo fazer uma “minissíntese” de algumas ideias apresentadas pela psicóloga e consciencióloga citada, que possam ser úteis aos educadores infantis, pais, mães e demais adultos que tenham qualquer grau de convivência com crianças. Além disso, gerar o questionamento íntimo em todos, sobre uma questão-chave que esta pesquisadora abordou em sua aula: quanto as vivências de nossa infância continuam impactando no que somos hoje? Quanto nossa infância facilita ou dificulta nosso amadurecimento nesta vida?
A ideia central da autora é uma educação integral, que envolve oito níveis de desenvolvimento, com alguns exemplos simples, que listo abaixo com algumas adaptações pessoais:
  1. Desenvolvimento assistencial, desafiando o egocentrismo infantil – dividir o lanche com o colega sem merenda;
  2. Desenvolvimento cosmoético, vivenciando mais que a ética humana – ajudar o colega sem segunda intenção;
  3. Desenvolvimento emocional, o trabalho nas 5 áreas de competências emocionais (autoconhecimento, autocontrole e automotivação, habilidades socioemocionais e empatia) – o ensino à criança de colocar-se no lugar do outro;
  4. Desenvolvimento financeiro, o impulso à inteligência financeira na infância – a administração da mesada pequena;
  5. Desenvolvimento físico – a saúde como valor familiar – os passeios familiares de bicicleta e a alimentação saudável no lar;
  6. Desenvolvimento intelectual,  com o incentivo à leitura desde a primeira infância;
  7. Desenvolvimento parapsíquico, para o entendimento da multidimensionalidade e dos fenômenos extrafísicos como sendo naturais à existência humana – o exercício do Estado Vibracional (estado de vibração saudável das bioenergias, prática da Conscienciologia) transformado em “chuva de estrelinhas”.
  8. Desenvolvimento social, a aquisição de confiança, autonomia e iniciativa em relação a si próprio e ao outro, nos primeiros anos de vida – a valorização dos traços positivos da criança e o respeito às suas limitações, as aprendizagens afetivo-sexuais.

Sá apresenta diversos exemplos e dicas para uma educação integral e evolutiva das crianças. Entre estes, destaco o estímulo à filosofia, o ensinar a pensar, a questionar, como propõe Mathew Lipman (com sua “Filosofia para Crianças”), as 55 regras na arte de educar crianças de Ron Clark (2005) com seu livro A Arte de Educar Crianças: 55 Regras de um Professor Premiado para Formar Alunos Nota 10 na Sala de Aula e na Vida,  e Rafael Alzina, com o livro Atividades para o Desenvolvimento da Inteligência Emocional nas Crianças. Destaco ainda a importância do binômio reeducador amor-disciplina, ressaltando a importância da afetividade e da criança sentir-se amada e segura, sem deixar de receber disciplina orientadora, e o binômio adultos bem-humorados-crianças bem-dispostas, pois estas são reflexo do seu entorno. Outras duas considerações importantes: formarmos a criança o melhor possível, sem grandes expectativas nem para si nem para a criança, mas preparando-a melhor para a vida. E a importância da ordem da atenção de cuidar, primeiro da saúde física, depois na psicológica, por último da energética/parapsíquica.
Toda esta proposta está alinhada com as bases da Conscienciologia, que explicam que o indivíduo é uma consciência (alma, self, ego) em evolução através de várias vidas, inserida numa realidade multidimensional. Assim, torna-se razão da vida buscarmos evoluir continuamente, superando nossos traços negativos e melhorando e desenvolvendo  traços positivos, tudo isso com cosmoética e ajudando-nos uns aos outros. E tudo começa na nossa concepção, no ventre materno. Neste momento, temos uma ficha pessoal formada, mas aberta para a reeducação, novas aprendizagens, e as vivências, desde então, são extremamente marcantes para a vida adulta.
Muitas vezes, na melhor das intenções, adultos geram sérios problemas para as crianças. Não apenas os pais. Mas tios, avós, amigos dos parentes e outros. E não são apenas os traumas evidentes (abusos, acidentes etc.) que comprometem a formação infantil. Vivências sutis, como um simples momento de uma mãe ou um pai ignorá-la, ou rir de alguma ação, às vezes um riso sem más intenções, podem comprometer sua autoestima e autoconfiança. Recomendo o filme Duas Vidas (2000), para compreender este processo. Neste sentido, os exemplos expostos na fatologia dos verbetes são bastante úteis e abrangentes.
Encerro este artigo com uma adaptação da reflexão levantada por Sá e alguns de seus questionamentos: Uma educação adequada pode transformar este planeta. Você, nesta vida, já contribuiu para a educação de consciências na fase infantil? Quantas? Dezenas? Centenas ou milhares? Com todo o exposto até aqui, questiono também: como foi sua infância? Como e quanto ainda repercute em sua vida atual?