A sociedade em que vivemos hoje é resultado das pessoas que a compõem, e estas, resultado principalmente de sua mesologia (genética, ambiente em que se desenvolvem, pessoas que participaram de sua formação, cultura, educação etc.). Mas, entre todos os fatores que influenciam a formação dos adultos, merece destaque a educação recebida na infância.
Há algumas semanas tive oportunidade de participar de uma aula palestra com a psicóloga portuguesa especializada em Educação Infantil Lurdes Sá, e assisti também à sua apresentação de dois verbetes para a Enciclopédia da Conscienciologia (disponíveis em http://www.tertuliaconscienciologia.org/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=28&&Itemid=13 e http://www.tertuliaconscienciologia.org/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=5&dir=ASC&order=name&Itemid=13&limit=20&limitstart=160). Este artigo tem como objetivo fazer uma “minissíntese” de algumas ideias apresentadas pela psicóloga e consciencióloga citada, que possam ser úteis aos educadores infantis, pais, mães e demais adultos que tenham qualquer grau de convivência com crianças. Além disso, gerar o questionamento íntimo em todos, sobre uma questão-chave que esta pesquisadora abordou em sua aula: quanto as vivências de nossa infância continuam impactando no que somos hoje? Quanto nossa infância facilita ou dificulta nosso amadurecimento nesta vida?
A ideia central da autora é uma educação integral, que envolve oito níveis de desenvolvimento, com alguns exemplos simples, que listo abaixo com algumas adaptações pessoais:
- Desenvolvimento assistencial, desafiando o egocentrismo infantil – dividir o lanche com o colega sem merenda;
- Desenvolvimento cosmoético, vivenciando mais que a ética humana – ajudar o colega sem segunda intenção;
- Desenvolvimento emocional, o trabalho nas 5 áreas de competências emocionais (autoconhecimento, autocontrole e automotivação, habilidades socioemocionais e empatia) – o ensino à criança de colocar-se no lugar do outro;
- Desenvolvimento financeiro, o impulso à inteligência financeira na infância – a administração da mesada pequena;
- Desenvolvimento físico – a saúde como valor familiar – os passeios familiares de bicicleta e a alimentação saudável no lar;
- Desenvolvimento intelectual, com o incentivo à leitura desde a primeira infância;
- Desenvolvimento parapsíquico, para o entendimento da multidimensionalidade e dos fenômenos extrafísicos como sendo naturais à existência humana – o exercício do Estado Vibracional (estado de vibração saudável das bioenergias, prática da Conscienciologia) transformado em “chuva de estrelinhas”.
- Desenvolvimento social, a aquisição de confiança, autonomia e iniciativa em relação a si próprio e ao outro, nos primeiros anos de vida – a valorização dos traços positivos da criança e o respeito às suas limitações, as aprendizagens afetivo-sexuais.
Sá apresenta diversos exemplos e dicas para uma educação integral e evolutiva das crianças. Entre estes, destaco o estímulo à filosofia, o ensinar a pensar, a questionar, como propõe Mathew Lipman (com sua “Filosofia para Crianças”), as 55 regras na arte de educar crianças de Ron Clark (2005) com seu livro A Arte de Educar Crianças: 55 Regras de um Professor Premiado para Formar Alunos Nota 10 na Sala de Aula e na Vida, e Rafael Alzina, com o livro Atividades para o Desenvolvimento da Inteligência Emocional nas Crianças. Destaco ainda a importância do binômio reeducador amor-disciplina, ressaltando a importância da afetividade e da criança sentir-se amada e segura, sem deixar de receber disciplina orientadora, e o binômio adultos bem-humorados-crianças bem-dispostas, pois estas são reflexo do seu entorno. Outras duas considerações importantes: formarmos a criança o melhor possível, sem grandes expectativas nem para si nem para a criança, mas preparando-a melhor para a vida. E a importância da ordem da atenção de cuidar, primeiro da saúde física, depois na psicológica, por último da energética/parapsíquica.
Toda esta proposta está alinhada com as bases da Conscienciologia, que explicam que o indivíduo é uma consciência (alma, self, ego) em evolução através de várias vidas, inserida numa realidade multidimensional. Assim, torna-se razão da vida buscarmos evoluir continuamente, superando nossos traços negativos e melhorando e desenvolvendo traços positivos, tudo isso com cosmoética e ajudando-nos uns aos outros. E tudo começa na nossa concepção, no ventre materno. Neste momento, temos uma ficha pessoal formada, mas aberta para a reeducação, novas aprendizagens, e as vivências, desde então, são extremamente marcantes para a vida adulta.
Muitas vezes, na melhor das intenções, adultos geram sérios problemas para as crianças. Não apenas os pais. Mas tios, avós, amigos dos parentes e outros. E não são apenas os traumas evidentes (abusos, acidentes etc.) que comprometem a formação infantil. Vivências sutis, como um simples momento de uma mãe ou um pai ignorá-la, ou rir de alguma ação, às vezes um riso sem más intenções, podem comprometer sua autoestima e autoconfiança. Recomendo o filme Duas Vidas (2000), para compreender este processo. Neste sentido, os exemplos expostos na fatologia dos verbetes são bastante úteis e abrangentes.
Encerro este artigo com uma adaptação da reflexão levantada por Sá e alguns de seus questionamentos: Uma educação adequada pode transformar este planeta. Você, nesta vida, já contribuiu para a educação de consciências na fase infantil? Quantas? Dezenas? Centenas ou milhares? Com todo o exposto até aqui, questiono também: como foi sua infância? Como e quanto ainda repercute em sua vida atual?