Muito interessante o exercício que acabo de fazer. Um teste de cientificidade e ceticidade. Numa coluna, estava uma lista de conceitos cientificamente comprovados, dos quais raros eu experienciei. Aliás, exceto pelos cientistas que estudam tais fenômenos, rara pessoa os vivenciou: buracos negros, prótons, força elétrica atômica, células, DNA. Quais mortais já os viram,comprovaram sua existência, pessoalmente? No entanto, todos acreditam. Pois os cientistas garantem que existem!
Na outra coluna, estavam fenômenos parapsíquicos, que mesmo eu, com meu elevado nível de ceticismo, já experimentei, por repetidas vezes – o estado vibracional, a pulsação de chacras, energias terapêuticas, campo energético interpalmar, entre outros. A maioria das pessoas já vivenciaram as mais diversas experiências parapsíquicas. Algumas até mesmo viram e ouviram consciências extrafísicas (espíritos). Mas tal como eu, aliás, geralmente mais que eu, dizem para si mesmas que nada disso existe, que são alucinações. Estes fenômenos, vivenciados pela maioria dos seres humanos ocorreram em todas as épocas, em todas as civilizações e tribos, por todo o planeta. Relatos foram produzidos sistematicamente, sem quaisquer conexões de conhecimentos entre aqueles que descreveram seus fenômenos. Mesmo assim, muitos experimentadores afirmam não acreditar. Quais as razões destas posturas? O que leva um ser humano a acreditar em algo fantasticamente inacessível a si, que outrem lhe conta que existe, ao mesmo tempo que nega suas próprias vivências?
A resposta muitas vezes é: “mas isso é comprovado cientificamente”. Qual o significado desta afirmação? A repetição do fenômeno por qualquer experimentador está no cerne do que seja considerado “cientificamente comprovado”. E concordo com esta defesa. Significa que, se EU mesma quiser experimentar, posso ir ao laboratório específico, e ver com meus próprios olhos, por exemplo, uma cadeia do DNA (embora eu possa continuar duvidando, pensando que aquilo foi forjado). Na prática, um número expressivo de pessoas (os cientistas), afirmando que experimentaram, é contundente para a prova científica.
Permanece o questionamento: porque não acreditamos nas experimentações de milhares de pessoas, com relação aos fenômenos parapsíquicos? Isto indica que as premissas do que nós acreditamos é que muitas vezes não são questionadas. O ceticismo positivo, onde é justo questionarmos o que não experienciamos por nós mesmos, tem o seu valor. O ceticismo negativo, em que se nega simplesmente por não querer acreditar (por crenças e valores pessoais), não acrescenta nada à evolução consciencial, nem à humanidade.
Dentro do paradigma consciencial, a Projeciologia concentra as vivências práticas da Conscienciologia. Inclui a experimentação das energias, das projeções lúcidas, e fenômenos como clarividência, precognições e retrocognições. Estes fenômenos são estudados de forma sistemática, científica. O que diferencia a cientificidade do paradigma consciencial são os instrumentos de experimentação, onde o observado é o observador. O cientista é o objeto de pesquisa. É preciso não ficar cético às nossas próprias percepções. Infelizmente, a ciência cartesiana ainda não investiu nas pesquisas conscienciais.
Sem dúvida, porém, tanto para a ciência tradicional, quanto para o paradigma consciencial, cada um de nós, precisa buscar a vivência prática. Ponderar energia e prática. Mediar a própria ceticidade. Isto é vivência da autocientificidade.
Por Clara Emilie Boeckmann Vieira
Um comentário:
Muito bom, Clara. Essa é uma das críticas mais importantes à Ciência. Afinal, resultados de pesquisas podem ser forjados, e há quem já tenha enganado muita gente com artigos sobre pesquisas inventadas.
Por outro lado, uma experiência pessoal de um fenômeno não diz nada por si mesma. É preciso avaliar com criticidade para saber as probabilidades de uma aparente projeção ser sonho ou uma clarividência ser alucinação.
No meio disso, com muita ponderação, temos que desenvolver uma postura ao mesmo tempo cética e aberta, sem enquadrar todos os fenômenos num modelo estático (modificando esse modelo para abranger o maior número de fenômenos em suas naturezas especificas) e sempre interpretando os fenômenos com o máximo de cientificidade, sem apelar para a primeira impressão (que geralmente está impregnada de pré-conceitos).
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