Recentemente recebi uma
bela aula de amigo especialista em finanças pessoais, Adilson Barbosa, ao
questiona-lo como orientar uma amiga em apuros. Com muita disponibilidade e
postura assistencial, ele me falou 4 dicas, que transcrevo aqui, acrescentando
minhas próprias reflexões, a quem possa ser útil. Falou em atenção a dois
aspectos: o material e o espiritual. Há muitos artigos mais completos
disponíveis na Internet, que a pessoa pode investir. Este é apenas uma proposta
bem objetiva.
1) Refletir
porque razão chegou na situação em que se encontra. Fazer uma reflexão profunda e sincera sobre
as escolhas e atitudes da vida, buscando identificar os equívocos, limitações
pessoais, e tudo que possa ter influenciado na situação atual. Alguns fatores
que podem ser analisados são o excesso de itens de consumo, as escolhas
demandantes de gastos excessivos, a falha em não poupar parte das remunerações recebidas
e as próprias condutas com o dinheiro 9ex.: comedimento e economicidade) e com
pessoas (ex.: relacionamentos autênticos).
2) Identificar
o que está aprendendo com esta situação. Sabemos que todo problema, crise, pode nos trazer aprendizagens. É
fundamental identificarmos o que precisamos mudar diante das dificuldades. Muitas
vezes, quando corrigimos a falha, o problema desaparece. Da perspectiva “espiritual”,
já observei vários casos, inclusive comigo, que quando eu mudei determinado
traço de personalidade, o problema “se resolveu”. Como se a “vida” trouxesse
situações para provocar na pessoa, a mudança necessária.
3) Fazer o
orçamento pessoal. Levantar quais dívidas tem e quanto precisa
realmente para viver. É um momento para exercitar o discernimento. Reconhecer
os supérfluos, checar onde pode fazer cortes. Lembro do pensamento de Luigi
Pirandello: “Não há uma estrada real para a felicidade, mas sim caminhos
diferentes. Há quem seja feliz sem coisa nenhuma, enquanto outros são infelizes
possuindo tudo”. Lembrando sempre a evitação da “tirania do ser feliz” (indico
o livro Liberte-se de Kurt Harrys).
4) Dividir o
orçamento pessoal em três partes:
a. O que é vital, essencial para a vida;
b. O que é necessário, para o mínimo de satisfação
na vida:
c. Supérfluo.
Aqui é necessário cuidado para diferenciar entre necessidade e desejo.
Mudanças.
A
partir destes pontos, ir cortando as despesas, proceder as mudanças, e focar o que
precisa ser feito, para sair da crise. Em caso de desemprego, é importante a
pessoa estar aberta para alternativas diferentes. Ter um trabalho, uma fonte de
remuneração, ainda que não ideal, é fundamental. Ver que pode ser um trabalho
apenas temporário.
Autoconhecimento.
Todo o exposto deixa clara a importância do conhecimento profundo de si. Para
se ver com clareza. As escolhas e os pontos fracos que contribuíram para a
situação de crise em que chegou, e os pontos fortes, que ajudarão a superar
esta crise, tornando-a uma crise de crescimento, ao invés de crise de sofrimento.
A Internet já tem milhares de conteúdos excelentes para qualquer pessoa
investir no autoconhecimento, autoaprimoramento, planejamento e organização pessoal
para construir uma vida evolutiva e de autorrealização. O segredo é saber
pinçar conteúdos de qualidade. Indico meu blog de IE: http://inteligenciaemocionalatodos.blogspot.com/
Gratidão.
Ponto pouco exercitado pelas pessoas. Indico a técnica do Pote da Gratidão, anotar
diariamente 5 coisas pelas quais é grata. Trago este aspecto aqui, falado
também pelo amigo Adilson, porque toca uma dimensão importante ao ser humano
integral: a espiritualidade. E aqui, dissociada de religião.
Espiritualidade.
Seja
qual for sua maneira de cultivar a espiritualidade, sabemos de incontáveis
histórias de superação graças ao investimento da pessoa neste aspecto. Autoconhecimento
é uma maneira de investir na espiritualidade. A prática da Atenção Plena tem
revelado resultados extraordinários. O voluntariado – doação do tempo pessoal a
ajudar outras pessoas, idem! Constatar que nosso problema é ínfimo, se
comparado ao de milhões de pessoas pelo mundo afora também ajuda. Recomendo o
livro “Além da religião” (Elkins, 1998), escrito por um ex-Pastor, que propõe
vários outros caminhos para cultivar a espiritualidade.
Conclusão. Diante
do exposto, ser grata pelo que está passando pode ser uma chave para a
superação da crise. E para isso, há que transitar pelas etapas apresentadas acima.
Muito investimento no autoconhecimento. Tem a ver com o que mencionei no item 2.
Tem a ver com lucidez, resiliência, sabedoria e determinação para promover as
mudanças necessárias, com as rédeas da vida nas próprias mãos.