quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sobre a polêmica da "nova" Refinaria em Pernambuco

Foi desanimador ler artigo do Secretário de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco clamar pelo reconhecimento da população às vantagens da Refinaria Abreu e Lima. Compartilho minhas reflexões sobre este assunto.

"Pernambuco espera há 50 anos", diz o autor.
Eu diria que Pernambuco resistiu 50 anos.
É lamentável que ainda existam pessoas que só possam pensar com o curto prazo. Ou pior, argumentar com foco no curto prazo, e sem conhecimento holístico da situação, restrita ao reducionismo cartesiano dominante e imediatista. Ouso sonhar que um dia poderemos contar com a compreensão de todos também dentro do paradigma consciencial.
Contudo, limitando-me a argumentos técnicos, lembro que em 1989, em visita técnica (geológica) a praia Paraíso - quando a vista era ainda paradisíaca, ouvi meu professor falar com orgulho sobre os movimentos que aconteceram para impedir a catástrofe ecológica que tal proposta traria. Hoje, o "Porto de Suape" já nos trouxe as inúmeras consequências previstas - destruição de nossos berçários estuarinos, garantidores da produção pesqueira em constante declínio, comprometimento da paisagem, abandono do sonho do complexo turístico que se adequava à área com até maiores benefícios econômicos que os trazidos pela Refinaria, exploradora de um recurso não renovável. Sem falar nos comprometimentos para as pessoas e para o Estado, resultantes quanto aos ataques de tubarões.
50 anoos depois, finalmente, os "donos do Poder" desta nossa pátria que vai na contra-mão da ecologia, da educação e da evolução, seja por interesses escusos, seja por analfabetismo ecológico, seja por limitações técnicas, condenam-nos a uma perda irrecuperável, de patrimônios ecológicos, culturais, e de nossa qualidade de vida. Condenam-nos a perda de nossa própria dignidade, quando manipulam informações e obnubilam nossa capacidade de ação.
E nem entro no mérito da matéria ser assinada pelo Ilustre Secretário. Só tenho a lhe dizer que NÃO. Não comemoro. Não comemoro "Crescimento" a qualquer custo. Deixo o lembrete do que é ideal, atual, lícito: Desenvolvimento SUSTENTÁVEL.

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