A partir da leitura do Homo sapiens pacificus, despertei para
maior atenção a valores, escolhas,
opiniões e rotinas que costumeiramente testemunhamos na sociedade. Algumas extremamente
valorizadas, aplaudidas, consideradas o must,
o estar up to date, e a pessoa que
participa se acha o máximo com isso.
Nestes idiotismos culturais o
belicismo se apresenta nas mais diferentes nuances, frequentemente ignoradas
pelas pessoas. Pior é quando estes valores são defendidos com unhas e dentes,
normalmente com argumentos distorcidos, falaciosos, incoerentes. Não é intenção criticar ou julgar qualquer
pessoa que se encaixe nas reflexões aqui apresentadas. Mas ampliar a reflexão
sobre os temas, alguns, polêmicos.
Vivemos em um zeitgeist sem precedentes de acesso à
informação e de possibilidades de experiências. Evoluímos em diversos aspectos,
marcadamente relacionados à tecnologia, desde o ano zero. Mas o nível de
belicismo – guerras, violência, continua o mesmo ou piora, e com grande parte
da sociedade apoiando. Também é possível notar comportamentos anacrônicos e
nocivos nos grupos que participamos, frequentemente relacionados a certo nível
de belicismo inato em muitas pessoas. É assim que verifica-se o nobelista
pedófilo e o nobelista ex-guerrilheiro, somente pra citar alguns casos mais esdrúxulos.
Estas tendências bélicas se
revelam em várias situações. Por exemplo, nas várias tradições insanas,
irracionais, sádicas, cruéis? Com o argumento ilógico de merecer respeito por
ser uma tradição secular, ou milenar, tanto que piora o fato: a infibulação, as
imposições religiosas anacrônicas e tantas vezes cruéis (não poder usar a
camisinha, a obrigatoriedade da burca), a mulher que é obrigada a casar com um
desconhecido, a menina que é vendida ou dada ao adulto como moeda ou em
casamento – sim, a mulher é a mais frequente vítima destas tradições
irracionais e cruéis.
Sintetizo meu repúdio a estas “tradições”
com a síntese de que “Nada que cause sofrimento, dano físico ou moral, a bens
ou seres vivos podem ser dignos de respeito”. São idiotismos culturais cruéis e
irracionais que não acompanham as mudanças e evoluções dos tempos, não
contribuem em nada para a humanidade, mantendo-a, naquele estigma, no atraso, e
o pior, na crueldade indefensável que destrói milhares de vidas.
Mas há também idiotismos culturais
“supostamente” mais “leves”. As “brincadeiras” com as abóboras ou tortas
(desperdício de alimentos); as rinhas de galo; as lutas de cães; os
adestramentos dos animais (subjulgação); as lutas de boxe, UFC, marciais (violência
entre humanos); o paint-ball; as
torcidas organizadas; os fã-clubes dos astros; os excessos de horas gastas em conversas de
bar vazias; a supervalorização das emoções; a preocupação excessiva com a moda;
a frequência exagerada no shopping center,
mesmo quando não precisa comprar nada; o excesso de horas desnecessárias na academia,
com a supervalorização da bigorexia; a supervalorização dos esportes e os
excessos de horas gastas seja na prática, seja apenas como expectador; e o atual maior desperdiçador de tempo e
isolamento das pessoas, as chamadas “redes sociais” . As pessoas adotam
assistir ou participar de atividades violentas em nome da diversão. As pessoas têm
liberdade para assistir ao BBB ou novelas vazias. Também tem-se notado crescente
inserção de violência e belicismo no cinema e TV. O que estes idiotismos
culturais, frequentemente acompanhados de argumentações ilógicas, acrescentam à
nossa existência?
Para uma consciência mais
crítica, é possível verificar que falta desenvolvimento de lucidez,
autodiscernimento, e, frequentemente, conhecimento, quanto às escolhas e
opiniões, para grande parte da população robotizada e manipulada pela mídia.
Sim. Porque é possível gostarmos de idiotismos culturais e fazermos o que
gostamos. Mas quais prejuízos os idiotismos adotados podem gerar? Diria como exemplo
o obeso, que não diminui a comida à dieta necessária à sua própria saúde e bem
estar e nem faz exercícios físicos. Muitos até partem para a cirurgia (e alguns
sofrem complicações ou até morrem), ao invés de priorizar a disciplina e a força
de vontade. Por que então insistir em fazer, defender, apoiar, justificar, o que gera prejuízos à vida? Ou ao que simplesmente
ocupa tempo precioso da nossa vida, quando poderíamos estar passando-o com
pessoas queridas, lendo um bom livro, assistindo um debate elucidativo ou um
bom filme, ou fazendo um curso que amplie nossas competências.
Vale avaliar, com profundidade,
os argumentos de sustentação de defesa de idiotismos culturais e tradições,
sejam eles mais leves ou mais graves. Afinal, há tanto mais na vida para
construirmos, interagirmos, ampliando a qualidade da nossa intraconsciencialidade
e dos nossos relacionamentos, gerando autoaprimoramento, bem estar, amizades
sadias, gerando uma sociedade melhor e mais justa.
Não me canso de reafirmar a
importância da Educação, a aprendizagem de desenvolvimento da criticidade, o
aprender a pensar e refletir.
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