Repensar paradigmas é uma necessidade cada vez mais presente na vida das pessoas. A urgência de mudanças para a preservação do planeta é um dos enfoques neste sentido. Em muitos casos, sua destruição já é irreversível. Várias ações – empresariais, governamentais, terceiro setor e individuais têm se destacado, mas ainda é pouco.
A Educação é o principal instrumento para a preservação do planeta. E não falo aqui de Educação ambiental como disciplina no corpo curricular. Falo da necessidade de esclarecimento e sensibilização de todas as pessoas, de todas as idades, quanto à crise planetária, cujas soluções dependem do engajamento de todos. Somos nós que compramos coisas produzidas ilicitamente, poluindo o planeta, agredindo o ambiente ou empregando mão de obra infantil ou vergonhosamente mal remunerada. Somos nós que consumimos em excesso, que não economizamos água, luz, papel. Somos nós que deixamos de separar o lixo para reciclagem... Somos quase 7 bilhões de pessoas!
Educação é um processo abrangente de desenvolvimento humano – não apenas ensinar conteúdos. Trazendo reflexão de Moran: “Educar é ajudar a integrar todas as dimensões da vida, a encontrar nosso caminho intelectual, emocional, profissional, que nos realize e que contribua para modificar a sociedade que temos... é ajudar as pessoas na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional – do seu projeto de vida, no desenvolvimento de suas habilidades... para que se tornem cidadãos realizados e produtivos”.
Destaca-se o importante papel do professor – que está evoluindo para ser visto como facilitador de aprendizagem, e cuja atuação se implementa com seu próprio investimento em autoconhecimento. Parker Palmer traz esta reflexão: “Nós ensinamos quem nós somos...Ensinar mantém um espelho para a alma. Se posso me ver e não correr do que vejo, tenho uma chance de me enxergar, me conhecer”....
O ambiente – meio em que vivemos, compõe dimensão física essencial das nossas vidas. Sem uma qualidade mínima do ambiente em que vivemos, não dá pra pensar no restante. Fazendo uma analogia: o que conseguimos fazer quando estamos doentes? Nada. Às vezes mal conseguimos pensar. E o planeta está doente – mais em alguns locais, menos em outros, mas a destruição ambiental é como uma epidemia que a cada dia se expande mais.
Gadotti fala em ecopedagogia, uma proposta anterior de Paulo Freire, com a seguinte reflexão: “Os problemas atuais, inclusive os problemas ecológicos, são provocados pela nossa maneira de viver e a nossa maneira de viver é inculcada pela escola, pelo que ela seleciona ou não seleciona, pelos valores que transmite, pelos currículos, pelos livros didáticos.”
Nós somos ecossistemas básicos. Somos consciências vivas. Somos responsáveis por nós mesmos, pela nossa vida. Somos copassageiros evolutivos neste planeta. Tudo isso reforça a interligação entre ecologia, consciencialidade e o papel da ecopedagia.
Uma vez me disseram algo assim “ se as pessoas não cuidam sequer de si, de seu ambiente interno, como espera que cuidem do seu ambiente externo?”. De fato, é necessário que as pessoas desenvolvam maior lucidez, capacidade crítica e autocrítica. Autoconhecimento é algo essencial para uma vida de autorrealizações em todas as dimensões humanas. Percebendo-se, a pessoa tem condição de perceber que precisa colaborar, com o planeta, e umas com as outras. Estes aspectos podem ser desenvolvidos com a ecopedagogia. Sintetizando, a Ecologia propõe as bases para o desenvolvimento sustentável, a conciencialidade é essencial para o engajamento das pessoas na prática ecológica, na vivência da cosmoética e do universalismo, enquanto a ecopedagogia pode ser um dos meios para desenvolver esta consciencialidade.
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