Este final de semana assisti a um filme decepcionante. Para
não fazer spoiler, não vou dizer o
título. Além de lento, causou-me quase
uma indignação por um drama tão grande, destruidor da psique das pessoas, pelo
motivo da protagonista não poder ter filhos.
Não quero menosprezar a dor que uma mulher possa ter por
descobrir-se incapaz de ter filhos. Mas não poder produzir uma nova vida
biologicamente, não é razão para destruir a sua vida e a de outras pessoas. E
não vou focar as justificativas que os especialistas possam usar para
justificar. Sei que é um tema polêmico, mas pensemos na “antimaternidade lúcida”
(Lima, 2009), título de livro conscienciológico.
Pensemos nos milhões de órfãos que precisam de pais. E é uma
pena que “pese mais” ter um filho “do seu próprio sangue”, pois é conhecida a
quantidade de pais e filhos ligados pelo sangue que vivem em conflitos
complicadíssimos. Pensemos nas várias ligações afetivas que não precisam dos
“laços de sangue”. E se considerarmos que somos consciências em evolução
através de várias vidas, estes se tornam sem significado, e os laços
conscienciais é que são os mais válidos, não os biológicos.
Para quê fortalecer a dor de homens, e principalmente
mulheres, que por motivos fisiológicos não podem ter filhos, quando há tantas
compensações válidas?
“Ah, você fala isso porque tem filhos”. Não. Falo isso
porque sou um ser pensante, fã do valor do uso do discernimento e em pleno
exercício de autodiscernimento. Também falo pelas décadas de “estrada” que
tenho. Pelas já milhares de pessoas que já cruzaram minha vida, pelo estudo e observação
assídua e crítica da consciência e da nossa sociedade e suas pressões. E suas
tradições bolorentas. Como a da cultura torpe que afirma que um ser humano só
pode se completar se tiver um filho. Há estilos e opções de vida que só podem
ocorrer sem a opção por filhos.
Amo meus filhos. Sou grata por eles existirem. Tenho o
privilégio de serem antigos afetos, reencontro de destino pré-planejado. Hoje
estão praticamente preparados pra vida. Então posso seguir com outros enfoques
assistenciais, outras interrelações, outros propósitos. Outros trabalhos para
contribuir com uma sociedade mais sadia. Como este manuscrito simples. Não
técnico, mas que certamente servirá para alguma reflexão do leitor ou leitora
atentos.
A vida não pode se restringir à meta da maternidade ou
paternidade. Seja biológica ou por adoção. Há muito mais a viver e a fazer
viver. E a “Ser Pessoa”, como dizia Carl Rogers. A evolução das consciências é
a razão de viver.Para finalizar, e ajudar a quem possa estar a lamentar não ter filhos (e há quem esteja infeliz por os ter), não esqueçamos a máxima do Princípio 10/90: 10% de tudo que nos acontece, realmente não podemos mudar ou evitar. Mas 90% podemos evitar, fazer acontecer, mudar. E quando não, quando algo for verdadeiramente negativo, podemos mudar a forma como olhamos para a questão. Como encaramos uma dificuldade, faz toda a diferença no nosso emocional.
Livro: Maternidade e antimaternidade lúcida: a escolha é sua. Jackeline B. de Lima. Hama, 2009.
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