Continuo achando
cosmoética a premissa da pessoa saber perdoar a si mesma. E importantíssimo o
autoperdão.
Autoimpedoar-se é sinônimo
de não se perdoar. Soa bem pra você? Se devemos perdoar os outros, porque não
perdoar a nós mesmos? Não perdoar a si, insinua uma autocobrança exigente,
excessiva, nosográfica. Se não posso me perdoar, como vou me sentir bem com
relação a mim mesma?
Entendo que o Prof. Waldo
Vieira, ao propor o neologismo, quis dizer que autoimperdoamento tem a ver com
não errar mais, com um “movimento de correção, como disse a verbetógrafa do
Binômio imperdoador-heteroperdoador. Claro que não é evolutivo ser
condescendente com os próprios erros, não buscar corrigi-los ou se corrigir,
mas não considero a palavra adequada, pois autoperdão não é sinônimo de passar
a mão na própria cabeça, ou se permitir errar novamente. A pessoa pode sim, se
perdoar, e compreender que errou, buscar corrigir, se melhorar, resolver o
problema que causou. A palavra autoimperdoamento se associa a ideia de
autocondenação, ou no mínimo, culpa.
Por definição, perdoar
significa desculpar, absolver, relevar, poupar, escusar (sinônimos do Dicio
online). Estas são medidas sadias para consigo! Para mim, perdoar a si mesmo é coerente
com perdoar aos demais. E se o erro já traumatizou a pessoa, muitas vezes, uma tormenta
já está instalada. Tendo a pensar que uma pessoa que não se perdoa, terá
dificuldade de perdoar aos outros, poderá se sentir culpada, ou insatisfeita
consigo mesma.
Se a pessoa já compreendeu
o seu erro, e busca corrigir, porque o uso do termo autoimperdoamento?
Em síntese, acho que foi
uma má escolha este neologismo. Associaram autoperdão, equivocadamente, a
antievolutivo, a não se permitir corrigir o erro, a permanecer estagnado, o que
não é fato obrigatório.
Não é incompatível se perdoar e investir na autocorreção,
autoevolução. Paradoxalmente, é premissa para evoluir, a autoaceitação, o
autoafeto, e estes envolvem se perdoar, sim, assim como devemos fazer na
vivência do heteroperdão.
É clara a intenção de
firmar a importância de buscar se corrigir ao errar, mas daí a querer chamar
isso de autoimperdoamento, na minha opinião, não foi uma boa ideia. Não cola
nem semanticamente, nem ideativamente.
Assim, o termo se queda ambíguo,
polêmico, leva a incompreensões, e não se sustenta na proposta de seu
significado.
Sugestão de nova
nomenclatura: autoperdoamento cosmoético.
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