domingo, 21 de setembro de 2008

ECOLOGIA E CONSCIENCIALIDADE

Por Clara Emilie Boeckmann Vieira

A qualidade de vida tão almejada pelos seres humanos está fortemente dependente do meio ambiente em que vivemos. Diante de tantos problemas ambientais, das mudanças climáticas, do acúmulo de lixo, do consumismo desenfreado, da poluição do ar, da poluição sonora e visual, restam poucos lugares saudáveis nos centros urbanos. E afastados dos centros urbanos, também resta um percentual menor de lugares onde podemos desfrutar de qualidade de vida, contra várias regiões que já são ou se tornaram “inóspitas”, seja pelas suas características geográficas, seja pelas ações do homem.

Então devemos nos perguntar por que motivo o ser humano compromete a sua própria sobrevivência e suas chances de garantir saúde e bem-estar. A resposta pode estar no fato de que a questão ambiental está relacionada à consciência de cada pessoa. A consciencialidade, em um paralelo com a espiritualidade, é uma dimensão que diz respeito a valores e discernimento, independentemente de qualquer credo ou religião. A falta de consciência ambiental para preservar a saúde do Planeta está relacionada a valores íntimos e à falta de autoconsciência.

É comum ouvirmos a colocação de que a as crises vivenciadas pela humanidade nada mais são que reflexos da própria crise interna de cada ser humano. Já ouvi, também ,colocações do tipo: “como podemos respeitar o meio ambiente, se não respeitamos nem a nós mesmos”. A verdade é que não tem como investir na nossa evolução pessoal, olvidando os cuidados que nos cabem com a preservação ambiental – fazendo a coleta seletiva, reduzindo os consumos de plásticos, papel, energia elétrica, água e bens quaisquer. Por outro lado, cuidar do planeta esquecendo de cuidarmos de nossa própria evolução como consciências em contínuo processo evolutivo seja numa única existência, seja por múltiplas existências, que é o que acredito, também não tem sentido. Como cuidar do que é externo, se não sabemos cuidar de nós mesmos? Fica uma ação sem coerência e sem qualificação suficiente .

Hoje reli um artigo muito interessante em que o autor relaciona a busca da qualidade de vida como dependente do estímulo da autoconsciência das pessoas, uma vez que elas só teriam condições de buscar qualidade de vida a partir do seu autoconhecimento e definição de metas de vida. A maioria das pessoas, entretanto, segue sobrevivendo, sem direção, muitos na corrida de conseguir pelo menos o pão de cada dia. No outro extremo, aqueles que correm atrás da ilusão de satisfazer seus desejos materiais, para ter a felicidade tão sonhada. E assim, a grande massa robótica vai caminhando, alheia aos seus próprios valores e objetivos.

Quantos maremotos, furacões, enchentes, mortes serão necessários para acordar as pessoas? Uma amiga questionou-me se esta colocação seria a melhor forma de chamar a atenção das pessoas. Pareceu-lhe um pouco uma bronca o meu questionamento. Se a indignação com as pessoas poderá ajudá-las a mudar é uma incógnita. Mas ouvi Leonardo Boff numa palestra dizer que a partir da angústia, os seres humanos buscam mudanças e soluções.

Felizmente, aos poucos as pessoas começam a tomar consciência. Empresas públicas e privadas, instituições de ensino e diversas organizações do terceiro setor têm se engajado nesta causa. Mas antes de qualquer instituição, cada pessoa precisa agir. Já temos até disciplinas que integram ecologia e “espiritualidade”, como a Eco-espiritualidade, proposta por Leonardo Boff e a “Ecologia Profunda”, proposta pelo filósofo Arne Naess no início da década de 70. Estamos todos interligados – seres vivos, planeta e a demais dimensões energéticas. Poderíamos nos estender em argumentos de justificativas, mas é evidente que a questão ambiental é uma agenda inerente à qualquer proposta evolutiva consciencial e planetária.

Podemos dizer que nossas ações são irrisórias comparadas às grandes indústrias poluentes. Mas não devemos esquecer que o somatório das ações de 6 bilhões de seres humanos tem um impacto maior que qualquer outro causado por indústrias. Em segundo lugar, observemos que estas indústrias existem para produzir para nós mesmos. Nós podemos exigir padrões de produção. Nós podemos reduzir nosso consumo.

Finalmente, devemos notar que há inúmeras mudanças de atitudes individuais para colaborar minimamente. A internet tem milhares de listas destas ações. Separar o lixo para reciclagem, economizar luz, água, papel, consumir menos, voluntariar em prol do meio ambiente, engajar a família e os amigos nestas iniciativas, implantar uma agenda ambiental na sua empresa, somente para citar algumas ações ao alcance de qualquer um. E não esqueçamos que o meio ambiente é o ambiente em que vivemos. Nosso lar, nosso trabalho, nossa cidade. Com certeza, estas ações repercutem na preservação, na sustentabilidade do planeta. É preciso que cada um faça sua parte. E é a partir de seu próprio exemplo que mais se ensina e se multiplica.

Preservar o meio ambiente é mais que ético e universalista. É respeitar a vida, a natureza do planeta, é reconhecer os nossos limites de sustentação, e revermos nossos próprios valores e atitudes em todos os aspectos de nossas vidas, inclusive o consciencial. Nossa homeostase holossomática (o equilíbrio de todos os nossos veículos de manifestação da consciência), que garante o verdadeiro equilíbrio interior de cada um, também depende de como exercemos nossa relação no mundo intrafísico.

Um comentário:

Anônimo disse...

Boas as suas reflexões, Clara.

A consciencialidade implica na compreensão de que qualquer pequena manifestação da consciência repercute no Cosmos. O pensene reverbera holopensenicamente. Os pensamentos e os sentimentos cosmoéticos atravessam o espaço por vias bioenergéticas e ajudam a consolidar um novo holopensene, mesmo que seja um trabalho exaustivo. Cada ação intrafísica concreta extrapola esta dimensão, pois vai aos poucos contribuindo para a limpeza do ambiente multidimensional e ao mesmo tempo servindo de exemplo para outras consciências.

Abraço.

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