Profissional reflexivo, ensino reflexivo, reflexão-na-ação, epistemologia da prática...
Em minha segunda tentativa de entender a proposta do aclamado Donald Schön, acho que desta vez consegui absorver algo. A primeira vez que li alguns capítulos do seu livro Educando o Profissional Reflexivo, captei algumas idéias interessantes, mas fiquei me perguntando onde exatamente este aclamado autor queria chegar. Não foi uma leitura fácil, apesar do livro já estar traduzido para o Português. Deve ter sido culpa da minha mente engenheira.
Foi por este motivo que escolhi a transcrição de sua palestra para ler. Pensei: “Vou ver como ele fala. Talvez seja menos prolixo, mais objetivo, do que escreveu no livro”. Valeu o esforço. Retomei alguns grifos nos capítulos do livro lido para consolidar o aprendizado.
Inserido no discurso, está o contexto histórico de como o processo de educação resultou numa cisão entre pesquisa e prática, de forma que hoje, a maioria dos alunos, crianças e mesmo adultos, acreditam que a escola não tem nada a ver com a vida real.
Mas eis então as idéias centrais de Schön, no meu entendimento, que apresento sem a pretensão de resumir a proposta do autor:
1. Schön inicia seu discurso falando da necessidade de reforma da escola, trazendo questões fundamentais a serem respondidas, por exemplo: quais são as competências que os professores deveriam estar ajudando os alunos a adquirirem? Que tipo de competências e conhecimentos os professores deveriam possuir para desenvolverem bem o seu trabalho?
2. Mas a crise envolve não apenas a formação de professores. Existe uma crise de confiança na educação profissional: as escolas não conseguem ensinar a prática ética e efetiva.
3. Assim, Schön faz críticas ao academicismo, ao excesso de teorias, à “categorização” do conhecimento, à supervalorização da “Ciência Básica”. Também faz crítica à pouca aplicabilidade do conhecimento e das produções acadêmicas para solucionar problemas públicos; e destaca a importância da ciência aplicada e das habilidades técnicas e da prática aplicada.
4. Ressalta a importância do profissional desenvolver outras qualidades/inteligências, ao que ele chama de “talento artístico”, tais quais perspicácia, intuição, criatividade, espontaneidade. Não basta o “acúmulo de conhecimento”. Não adianta apenas dominar conteúdos, teorias, conhecimento, sem saber aplica-los, usa-los, torna-los úteis, solucionar problemas e conflitos.
5. A famosa expressão reflexão-na-ação, indica que a teoria está incorporada, indissociavelmente, à prática. É a capacidade de responder às situações de forma espontânea, através de improvisação. Não existem soluções técnicas prontas. As soluções dos problemas surgem através da identificação e concepção do problema, através do uso de talento artístico.
6. E como desenvolver a habilidade “artística”? O primeiro requisito é liberdade para aprender através do fazer. Isto é a proposta do “ensino prático reflexivo”. O professor entra em contato com o que os alunos estão dizendo e fazendo. Experimenta-se.
ALUNA: CLARA EMILIE BOECKMANN VIEIRA. Junho, 2009.