Este artigo traz duras críticas à estrutura de ensino/aprendizagem no Brasil, apontando caminhos para superarmos as deficiências relacionadas à gestão do conhecimento, às instituições de ensino e a atuação do professor na universidade.
Os principais pontos de partida do autor, dos quais elabora seus argumentos, podem ser sintetizados nos seguintes tópicos:
- Educação e conhecimento como estratégia inseparável para promoção da inovação e a importância da valorização do saber pensar e aprender a aprender.
- Realidade: a contradição da universidade que prega a inovação, mas não consegue inovar-se, mantendo-se instrutivista, com reprodução de aulas “surradas”.
- Ressalta a pesquisa como instrumento de reconstrução do conhecimento. Não basta repassar conhecimentos, de forma instrutivista, como vem acontecendo nas universidades estagnadas, resistentes à inovação. A reconstrução do conhecimento deveria ser tarefa central da universidade (e também da escola), como princípio educativo não só para o progresso da ciência, mas também para formação da cidadania.
Com relação ao perfil do Professor, Demo reforça a tarefa mor do professor como sendo saber “fazer o aluno aprender”. E somente o faz, o professor que também aprende, e mais uma vez destaca a importância da pesquisa, a atualização permanente, inclusive nos meios tecnológicos disponíveis, e a interligação entre teoria e prática.
Interessante listar os argumentos do autor para justificar porque é mais importante o domínio metodológico para o saber pensar e aprender a aprender do que o domínio dos conteúdos, apesar da importância deste:diante da velocidade do acúmulo de conhecimento e da inovação, fica difícil dominar conteúdos extensamente.
Ainda com relação ao perfil do professor, Demo ressalta a interdisciplinaridade como essencial ao sucesso do ensino e da aprendizagem e o cuidado com os alunos, para que estes não percam a uma dupla oportunidade: acesso à qualidade formal, quando não aprendem a aprender; acesso à qualidade política, quando não recebem motivação para a politicidade do curso. Pois aí não se forma nem o profissional, nem o cidadão.
O autor finaliza o artigo falando sobre o desafio da pesquisa, que deveria atuar desde a fase escolar, como estratégia para reconstrução do conhecimento e formar pessoas questionadoras, críticas, o que é raro nas instituições de ensino. “Pesa muito a tradição da aula reprodutiva, considerada ainda pela maioria como pedagogia fundamental”.
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