Mais uma vez, Schön aparece em minha vida. E que coincidência: a disciplina que vou ministrar no próximo semestre, (Jogos de Empresas) é pura prática. Aproveitei a leitura dos artigos para amadurecer algumas idéias. Na primeira parte do artigo de Ghedin, chamaram minha atenção as seguintes colocações do autor:
- As contribuições de Schön, propositor do conhecimento-na-ação, reflexão-na-ação, onde explica que o conhecimento não se aplica a ação, mas está “tacitamente encarnado nela”.
- A indissociabilidade entre prática e teoria, chamando de teoria ao modo de ver e interpretar nosso modo de agir no mundo.
- Para que haja reflexão, é preciso haver capacidade de questionamento e autoquestionamento.
Na segunda parte do artigo, o principal foco do autor é a importância do papel do professor como colaborador na construção de uma sociedade melhor. Ghedin propõe que o professor reflexivo transcenda os limites da sala de aula, analisando o sentido político, cultural e econômico que cumpre à escola, educando seus alunos para que se tornem cidadãos ativos, comprometidos com esta sociedade mais justa que todos desejam. Transcrevo alguns tópicos abordados:
- A prática ocorre num contexto social determinado;
- O professor como intelectual crítico e sua emancipação;
- Refletir criticamente significa colocar-se no contexto de uma ação;
- O modelo crítico requer esforço para reflexão e entendimento.
Estas colocações retomam minha percepção antiga de que um professor pode e deve fazer muito mais do que apenas passar conteúdos aos seus alunos. Ensinar a aprender é o primeiro passo. Assim se garante aprendizado também do conteúdo a ser ministrado. No mais, plantar sementes. Apresentar e discutir valores e atitudes, incentivar o questionamento, faze-los refletir quanto a si mesmos também. Que se vejam como indivíduos e como parte da sociedade em que se inserem.
Autoconhecimento é essencial a qualquer ser humano. Ainda que os mais resistentes não queiram assumir esta responsabilidade, podemos dizer que ser professor, mais que ensinar conteúdos disciplinares, tem, sem sombra de dúvidas, grande oportunidade de contribuir para a formação de cidadãos, pessoas mais dignas, mais humanas para formarem uma sociedade mais justa e equilibrada. Não há como aprender, verdadeiramente, sem a prática reflexiva. É preciso saber fazer uso do aprendizado. Espero que os anos à frente, com suas naturais frustrações, não destruam minha motivação de ensinar, vivenciar estas razões, na função de professora.
RESENHA DO ARTIGO PROFESSOR-REFLEXIVO: DA ALIENAÇÃO DA TÉCNICA Á AUTONOMIA DA CRÍTICA de Evandro Luiz Ghedin. Por Vieira, C.E.B.2009
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